quinta-feira, 28 de julho de 2011

Música: Willa Was Here, por Willa Ford

Sim, você provavelmente nunca ouviu falar dela. Mas, dentre as pessoas que a conhecem, ela é chamada de "The Original Ke$ha", por ter proposto, há 10 anos atrás, a introdução do pop a um lado trash, extremamente sexual e ao mesmo tempo glamouroso. Na época, não funcionou bem, e hoje também não sei se funcionaria: as músicas tem agora uma essência noventista inconfundível. No entanto, a cantora Willa Ford é e sempre foi uma das minhas favoritas no mundo pop, mesmo hoje depois de tanto tempo fora do mercado musical e investindo em outras áreas.

Amanda Lee Williford começou sua carreira em 1998, ao gravar para a trilha sonora do filme Pokémon a canção Lullaby sob o nome artístico Mandah. A música chamou a atenção de produtores e logo ela foi contratada por uma gravadora, que decidiu por bem mudar seu nome para Willa Ford e evitar confusões com a já bem sucedida cantora Mandy Moore.

O álbum "Willa Was Here" foi lançado em 17 de julho de 2001, pela Lava Records/Atlantic Records, e estreou em 56º na Billboard, uma posição bem fraca comparada à qualidade do trabalho. Em algum ponto de sua carreira - não sei exatamente qual, porque essa pra mim é uma parte desinteressantíssima - Willa namorou o Backstreet Boy Nick Carter, e vocês podem imaginar o quanto ela foi agourada pelo bando de fãs descontroladas da boyband. Mas isso é só um fato a parte. Willa nunca precisaria se apoiar em alguém tendo tamanho talento. Ela, que inclusive canta ópera, tem uma voz delicada e macia, mas que consegue se impôr nos arranjos de cada música.

Para mim, a falta de reconhecimento do álbum se deu pela forma como Willa se apresentou ao mundo. Era agressiva demais em meio à tantas cantoras pop que eram sexualmente inocentes. Ao contrário das já coroadas princesas do pop - Britney, Christina Aguilera, Jessica Simpson e Mandy Moore - Willa era realmente uma bad girl e destoava do bando. Seu primeiro single, I Wanna Be Bad, não a deixava negar o fato. O vídeo, inclusive, foi parcialmente censurado pela MTV.


O segundo e último single do álbum foi a excelente música Did Ya Understand That?, que não foi bem aproveitada por seu clipe ter um conteúdo considerado um tanto quanto adulto. No enredo, Willa descobre que seu namorado (na época, o ator do clipe era seu namorado na vida real) a está traindo, e acaba na cama com a amante dele como forma de vingança. Na versão do clipe, a música ganha um trecho remixado com um toque roqueiro. A imagem escurece, Willa grita e quebra uma guitarra com o símbolo da Playboy. 


 O álbum poderia ter tido outros singles lançados, como a excelente Ooh Ooh, divulgada por Willa algumas vezes, a minha preferida, Don't You Wish, Somebody Take the Pain Away, com sua letra forte e bem escrita e até mesmo a baladinha Tender


Com o flop, Willa se aquietou rapidamente e começou a trabalhar em novas músicas. O álbum produzido na época foi intitulado Porn Poetry e nunca foi lançado. Ele tinha um conteúdo muito mais explícito, que conhecemos através do single A Toast To Men, com a participação da rapper Lady May, na época lançado de forma avulsa. Hoje conhecemos algumas músicas vazadas ao longo do tempo, como a elogiada SexySexObsessive e Goddamn Erotic.

Depois de ter o segundo álbum engavetado, Willa começou a investir em outras vertentes: atuou em filmes de pouco reconhecimento, fez campanhas como modelo e posou para a Playboy americana. No meio disso tudo, casou-se com o jogador Mike Modano.

Recemente, mandei uma mensagem no Twitter para ela e recebi uma reply que me deixou muito contente. Willa está de volta aos estúdios de gravação, finalmente!


 Agora é esperar pra ver, ou melhor, ouvir. Mas não tenho dúvidas do talento da Willa, e espero que agora, depois de tantos anos, o mundo esteja preparado para ela! Uma voz como a dela merece ser muito tocada por aí, e ela, com toda certeza, merece ser reconhecida como ícone pop.

sábado, 16 de julho de 2011

Filme: Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2

ATENÇÃO: ESSA POSTAGEM CONTÉM INÚMEROS SPOILERS.


Foi bem difícil começar esse post. Fiquei horas dando voltas com as palavras, tentando escolher as melhores para não ser apedrajada no final. Mas, quer saber? Eu sei de que lado minha lealdade está e se alguém duvidar dela, eu não me importo. Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2 foi, para mim, uma grande dose de ansiedade e conclusão. Vou tentar explicar a minha opinião da melhor maneira possível, sem induzir concordâncias ou desentendimentos.

Passei a semana numa ansiedade sem fim. Estar presente da pré-estréia, sem ingresso, e participando de várias atividades ligadas à Harry Potter (de responsabilidade do maravilhoso grupo Potter Patos, sempre fazendo tudo com extrema dedicação) me deixou num estado ainda pior. Tive, inclusive, a oportunidade de comprar um ingresso lá, quase na hora da sessão, mas desisti. E um monte de gente me perguntou, sem entender: por que? Ora, a minha intuição é forte demais. Eu sabia que ainda não era hora de eu assistir o que eu supunha que, até então, seria o final.

Ontem, quando eu entrei no cinema, meu coração estava inquieto. Ainda estava super ansiosa, e não conseguia parar de fazer gracinhas e falar bobagem. O filme começou, enfim, e eu pude concluir diversas coisas ao longo de seu desenrolar. 

O filme foi extremamente bem feito e um desfecho adequado para o monte de cortes e atalhos tomados pelos anteriores. A adaptação não poderia mesmo ser diferente, com todo o peso que tinha nas costas de explicar os buracos deixados por seus antecessores. Ele cumpriu seu papel perfeitamente: a produção impecável, atuação competente dos protagonistas, e a perfeita consumação material do que se passou na mente de cada fã.

Porém, achei que o filme me tocaria de uma maneira diferente. Achei que choraria bastante e que me sentiria finalmente orfã dessa série que me acompanhou durante tantos anos da minha vida. O que aconteceu foi algo bem longe disso. O que eu senti foi só a ansiedade se dissipando, uma estranha familiaridade dentro do peito e a pior de todas as sensações: a de que estava assistindo só mais um filme e nada mais. Saí do cinema com a consciência pesada e me sentindo muito mal por não ter compartilhado a mesma emoção que a massiva maioria de fãs. 

Percebi então, que, afinal, o teórico fim pra mim já havia chegado há quatro anos atrás, quando finalmente terminei de ler o último livro da série Harry Potter. Ali sim eu derramei todas as lágrimas possíveis, senti o coração disparar e aprendi a lidar com a perda e com a vivência pautada nas lembranças e no passado.

Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2, agora permanece ao meu ver como uma celebração. Não um motivo para ficar triste, para chorar, para chamar de fim, e sim para sabermos que o final escrito pelas mãos de J.K Rowling teve uma representação à sua maneira, digna de aplausos, eternizada por grandes atores como Alan Rickman e Ralph Phiennes, e porque não, Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson. Eu poderia reclamar de várias coisas que me incomodaram no filme e discorrer longamente sobre: a parca aparição do meu querido Hagrid, a perda amena de Lupin, Tonks e Fred, o pseudo-romance entre Neville e Luna, e diversos outros detalhes, mas prefiro não me perder no meio deles e agradecer pelo conjunto da obra, que foi de extrema valia.

Não chorem, fãs de Harry Potter. Não fiquem tristes e não pensem que tudo acabou. A magia está dentro de nossos corações e só sairá de lá se realmente quisermos. Agora podemos nos alimentar dela por completo, de todas as formas que nos são oferecidas. Nós temos o verdadeiro poder de manter essa história viva por tempo indefinido. Devemos usá-lo bem.

Só devemos ficar tristes por aquilo que acabou, que se perdeu, que morreu... e a magia está apenas começando.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Desabafo: Eu levanto a bandeira gay!



Com o final definitivo de Harry Potter se aproximando, aposto que todo mundo estava esperando mais um post falando disso, né? Mas PRECISAVA DESABAFAR! Sendo assim, hoje vim postar no blog para tratar de um assunto sério: o preconceito contra homossexuais.

Há alguns dias, presenciei uma cena de preconceito que me deixou muito chateada. Estava voltando do meu trabalho, quando um garoto gay, de uniforme escolar e mochila, foi abordado por dois grandalhões que, de imediato não se aproximaram, mas o acompanharam durante uma longa caminhada com agressões verbais: "viadinho", "boiola" e "mariquinha" foram os xingamentos mais leves em meio a diversos palavrões e ofensas pesadas. O gay seguiu seu caminho, de cabeça erguida, aparentemente ignorando tudo, mas eu sentia que por dentro ele estava inquieto.

E, por mais que eu tentasse me afastar da cena, não conseguia. Fui acompanhando os três até onde pude. Minha vontade real era de bater MUITO nos dois ignorantes, mas eu sabia que não teria a menor chance. Acompanhei porque, se acontecesse algum ato fisicamente violento, eu pelo menos poderia ligar para a policia. Por fim e enfim, cada um seguiu seu rumo e eu respirei aliviada por não ter acontecido nada pior.

Essa cena me perturbou bastante por um bom tempo. Eu fiquei pensando no que poderia ter feito no momento, em vez de ficar apenas olhando. Fiquei pensando no que o menino sentiu, e no que passou pela mente dos débeis agressores. Gente, isso é coisa que se faça? O mundo está decididamente perdido.

Tenho escutado com frequência todo mundo reclamar do excesso de campanhas e protestos a favor dos homossexuais aparecendo na mídia, e que a própria tenta a todo momento manipular a população para apoiar a causa sem dar moral para outras classes que sofrem com o preoconceito, como negros e imigrantes. Mas poxa, que excesso é esse que não surte efeito nas pessoas? Que manipulação é essa que não vem dando muito certo?

Outro dia a tag #OrgulhoHetero figurou nos TT's por horas. Eu digo e repito: não tenho o menor orgulho de fazer parte de uma porcentagem cuja maioria é preconceituosa e ignorante, responsável por disseminar a raiva por quem tem uma opção sexual não convencional. Sinto muito, mas o argumento "se eles podem ter orgulho gay, também podemos esbanjar nossa heterossexualidade", porque isso não cola comigo. A verdadeira igualdade está no ato de respeito, e não de disputas que rebatem uma causa.

Ninguém é obrigado a gostar de nada, mas um pouquinho de respeito não mata, pelo contrário: prolonga a sua vida e de quebra te oferece mais amizades, oportunidades e experiências.

Que a luta dos gays por dignidade seja reconhecida em breve, e que seja o ponto de partida para que outros grupos discriminados se posicionem com a mesma força e possam superar dificuldades. O mundo  é grande e tem lugar pra todos.

Pronto, falei.