quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Livro: Memento Mori, por Muriel Spark

Memento Mori é um livro que, a primeira vista, pode parecer mórbido. Nele, somos introduzidos a todas as aflições da terceira idade, sejam elas físicas ou mentais. Baseando-se nisso, temos motivos suficientes para imaginarmos quão triste e depressiva pode ser essa fase da vida humana. Contudo, a autora escosa Muriel Spark consegue, ao longo da narrativa, dar um ar leve e engraçado nessa típica novela dos anos 1950.

O título do livro é uma expressão em latim usada por monges, que significa "Lembra-te de que vais morrer". E esse é o mote da história. O grupo de anciãos formado por Dame Lettie Colston, seu irmão Godfrey Colston, a esposa dele, Charmian Piper e vários outros idosos de faixa etária entre 70 e 100 anos, todos com algum nível de ligação ou parentesco, amedronta-se com ligações misteriosas que recebem. Nelas, apenas a frase "Lembre-se de que vai morrer" é pronunciada. Cada personagem possui uma forma ironicamente cômica de descontar o medo causado por essa mensagem: implicando com alguém próximo, inventando maldades e desenvolvendo cansativas manias.

Nenhum velhinho é feliz. Estão todos doentes e cansados, tanto deles mesmos e de suas debilitações quanto daqueles com quem convivem. Uma das citações do livro que mais me chamou atenção foi "ter mais de setenta anos é como estar em guerra: todos os nossos amigos estão indo ou se foram, e nós sobrevivemos entre os mortos e os moribundos, no meio de um campo de batalha". Depois dessa leitura, assumo que  fiquei imaginando até qual idade eu chegarei e como morrerei, e quais dos meus amigos ainda estarão comigo nessa época da vida.

O livro é, em sua essência, uma reflexão sobre a velhice adornada por pitadas de suspense e humor e são essas duas características que tornam a leitura fácil e gostosa, embora eu tenha me decepcionado um pouco com o final. O mistério carregado por todo o livro deixa um grande ponto de interrogação que pode ser interpretado de várias maneiras e eu não sou muito fã de finais em aberto. Mas, no geral, é uma leitura interessante, especialmente se você for jovem. Afinal, vale a pena lembrar que a morte não escolhe a idade e que geralmente temos mais medo de envelhecer do que de morrer, só não percebemos isso por associarmos de forma tão próxima as duas coisas.

Obs.: Peço desculpas pela má qualidade da imagem com a capa do livro, mas é realmente difícil encontrá-la melhor que isso...

2 comentários:

  1. Nossa! Fiquei até curiosa pra ler...Nunca iria imaginar que existe um livro que fala disso...hahahahah
    Adorei a dica :)

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