sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Série: Merlin


"Tosco". Esse foi meu primeiro pensamento quando assisti o primeiro episódio de Merlin, série exibida pela BBC desde 2008. Achei os efeitos especiais muito mal feitos para um série de tamanho prestígio lá fora, as atuações fraquíssimas, o cenário totalmente irreal com toda aquela falsa glamourização da idade média (todo mundo limpo, maquiado, bem vestido, depilado, de dentes brancos etc)... mas uma coisa me fez continuar assistindo: o roteiro.

O reino é Albion, mas o castelo ainda é Camelot. Merlin não é um velho de barba comprida e branca  que anda apoiando-se em um cajado (embora assim se disfarce de maneira satisfatória em um episódio). É um jovem esperto e cheio de energia, com uns 20 anos de idade, interpretado pelo novato Colin Morgan.

A história se passa quando Artur era apenas um príncipe e seu pai, o Rei Uther, ainda governava. Todos estão ainda jovens e o reino, na medida do possível, vive em paz. Interessante, não? Nunca antes eu havia visto essa abordagem da lenda arturiana, afinal, o que mais vemos e lemos por aí com frequencia, é que Morgana assassinou Uther e logo Artur se tornou rei, ou qualquer coisa parecida com essa vertente.

Acreditem, ver personagens de uma lenda tão conhecida, sempre imaginando-os mais velhos, cansados e enfrentando guerras de verdade, de uma outra forma... é mágico. A série é muito leve. Tem pitadas de humor, mistério e muita, muita magia. E, claro, algumas características comuns são preservadas e facilmente reconhecidas.

Aos poucos, ao longo das temporadas, tudo o que reclamei no início do texto se aperfeiçoa. Bradley James, intérprete de Artur, além de lindo, é um show a parte. Em sua pele, Artur não é um poço de bondade e compreensão, como mais comumente é retratado. É turrão e extremamente mimado, sedento por atenção. Demora um pouco, mas acabamos por nos acostumar com essa nova imagem do herói medieval.

Na trama, o Rei Uther (Anthony Head) abomina a magia. Quando a série começa, já damos notícias do Grande Expurgo, que foi quando toda a mágica se extinguiu no reino de Albion. Nesse meio tempo o jovem feiticeiro Merlin chega em Camelot, ainda sem ter pleno controle de seus poderes, enviado pela mãe para morar com o médico da corte, Gaius (Richard Wilson), que, em anos passados, envolveu-se com magia, deixando-a de lado em respeito ao rei. Gaius ajuda Merlin a entender seu dom e a utilizar seus poderes da melhor forma possível.


No começo, os episódios seguem a mesma linha: algum pequeno problema surge na corte, Uther manda Artur resolver, ele se atrapalha, Merlin o ajuda com magia, sempre escondendo o fato e sempre tendo Gaius a adverti-lo, Artur acha que fez tudo sozinho e o episódio termina com tudo dando certo. Você acha que nada vai mudar até começar a prestar atenção nos personagens e em suas histórias paralelas.

Morgana (Katie McGrath), ainda boa, tem pesadelos horríveis e premonitórios, mas não pode contar para ninguém além de Gaius, que apazigua tudo dando-lhe poções para dormir melhor. Demora, mas ela, aos poucos, descobre que também tem poderes e conhece sua meia-irmã, a bruxa Morgause (Emilia Fox). É aí que se rebela e foge de Camelot, causando grande susto e distruição, e continua, mesmo longe, tentando dar cabo em Uther e Arthur para tomar o trono.

De todas as alterações e estranhezas dessa versão, a que mais me chamou a atenção foi a retratação de Guinevere (Angel Coulby). Aqui ela é a serva negra de Morgana. Toda a nobreza e delicadeza da Gwen que conhecemos é deixada de lado, tendo a ingenuidade substituída pela coragem. Essa transformação, de todas, é de longe a mais surpreendente e interessante.

No decorrer das temporadas - a quarta começou a pouco tempo e já temos renovação para a quinta - episódios densos e obscuros, em que Artur e Merlin enfrentam perigos mais próximos do que podem ser encontrados em lendas medievais, são intercalados por episódios bem bobocas, como o que um trasgo invade a corte e deixa todo mundo soltando puns fedorentíssimos.

Apesar disso, depois de muita paciência, tudo se estabiliza na terceira temporada com a chegada de dois personagens fundamentais na jornada de Artur: Gwaine (Eoin Macken), meu favorito independente da versão contada da lenda, e Lancelot (Santiago Cabrera, muy hermoso!). Ambos são um toque a mais de familiriadade nesta versão tão alterada de uma história já marcada por determinados fatos que, quando não abordados, parece que falta algo muito importante.

Enfim, para assistir Merlin, você precisa de um pouquinho de determinação, mas afirmo: o encantado retorno é garantido. Merlin luta bravamente para que sua magia seja aceita, reconhecida e usada para o bem. E é mágico acompanhar todo esse delicoso processo!

3 comentários:

  1. Nossa sou loucooo para assistir Merlin, amo a historia da Tavola Redonda e do Rei Arthur e seus Cavaleiros, mas o tempo me custa =/

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  2. Que legal! Eu pensava exatamente a mesma coisa: que tosco! hahahaha...fiquei curiosa pra assistir agora, confesso. Mas to com tanta série "na espera" pra ver...não vai rolar agora. Mas está anotado :)

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  3. Me apaixonei pelo Colin Morgan... e também achava a série tosca! Não consigo parar de assistir no youtube!!!

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