quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Desabafo: Obrigada, Britney


Há pouco tempo recebemos uma consultoria em meu local de trabalho. Por mais que um profissional dessa área tenha o dever de orientar utilizando palavras mais duras, a pessoa que esteve comigo durante esse tempo passou de todos os limites: palpitou à vontade sobre a inutilidade da faculdade de Letras à distância que eu estou fazendo (na opinião dela, é claro), falou que eu deveria trabalhar em vez de estudar isso (como se eu não trabalhasse desde os 17 anos e já ser formada e ter ainda outras duas faculdades em curso fosse nada), insistiu que um publicitário pode ser jornalista e vice-versa (poder até pode, né, agora se isso dá certo, é outra história - o ponto é que meu novo diploma foi questionado com desdém), dentre tantas outras barbaridades. Fui chamada de insegura, fui acusada de ter "dado um balão" em um cliente por simplesmente ter esquecido de copiar a dita cuja no email que enviei com o trabalho pronto - sim, ela se sentiu impelida a fazer tal acusação antes de perguntar se havia acontecido algum problema -, enfim... já deu para vocês terem uma idéia do que passei.

Fiquei horrorizada. Como uma pessoa que nunca antes havia me visto na vida pode falar com tanta autoridade sobre coisas que não lhe diziam respeito? Esse com certeza seria o trabalho de um psicólogo, e isso ela não era. Foram três dias de completo desgaste. Minha vontade era de nem voltar no dia seguinte, e, podem ter certeza, se eu não precisasse de trabalhar por dinheiro eu teria feito exatamente isso. Me senti um lixo, como se nada que eu fizesse dentro da empresa tivesse valor. A desmotivação foi gigantesca. Sei que passar por essa consultoria era minha obrigação e que eu me coloquei à disposição para ser analisada, mas tudo fugiu dos limites do bom senso.

Ao chegar em casa, praticamente chorando de raiva e indignação, a única coisa que me vinha na cabeça era "Britney Spears". Colocava uma música ou outra, ou um álbum inteiro, pra tocar, e cantava a plenos pulmões, porque, já dizia meu avô, "quem canta seus males espanta". E, pra espantar aqueles males que estavam me atormentando, a única voz com poder suficiente era a de Britney.

Isso porque eu soube, naquele momento, que eu estava passando por uma situação de realidade tão distante, mas ao mesmo tempo tão similar com tudo o que a Britney já passou durante a carreira dela. "Ela não canta", "ela não dança", "ela não compõe". Tantos questionamentos, tantas dúvidas a respeito de um trabalho executado durante mais de 10 anos com esforço e dedicação, foram o suficiente para que ela deixasse de saber lidar com aquilo durante um tempo curto, mas que para nós fãs, que sempre acreditamos com o coração em tudo o que ela faz, foi uma eternidade acompanhada pelo medo de que ela nunca fosse se superar. Foi assim que me senti: julgada, avaliada sem pleno conhecimento, desvalorizada. Assim Britney se sentiu, e, por que não, se sente ainda, de vez em quando?

Britney canta. Britney dança. Britney compõe. Britney vive. Ela sabe o que está fazendo. Ela tem as rédeas da situação. Ela faz, hoje, o que ela quer, e como ela quer. Conheça-a melhor. Deixe o preconceito de lado. Não fale do que não conhece, não julgue, não repita o que você ouviu alguém dizer mesmo que você mal saiba do que se trata. São diversas lições que eu consigo pensar quando penso em Britney e quando eu penso em tudo o que ela teve que ouvir e passar para chegar onde chegou. Depois de ter passado uma situação desagradável como a que contei nesse post e de ter passado por cima dela sem a frieza de uma pessoa orgulhosa, consigo pensar na Britney de uma outra maneira.

Permita-se sentir raiva. Permita-se o sentimento de ultraje, de indignação. Sentir-se mal não é um crime. Deixar isso refletir em suas atitudes e no seu dia-a-dia não é sinal de fraqueza. Só não faça disso algo constante na vida: supere-se e procure sempre ver as coisas boas e os pequenos detalhes que fazem um dia ruim ficar bonito, ainda que bem de leve. Britney disse, no documentário For The Record, gravado posteriormente a seu período mais conturbado: "I'm sad". Ela estava triste, por tudo o que tinha passado e por tudo o que tinha feito para remediar isso. Todos nós vamos ouvir coisas que não gostamos e vamos, eventualmente, jogar tudo para o alto e fazer algumas loucuras que nos levarão a passar por situações chatas e que nos deixem em uma posição inadequada. E nós temos a capacidade de querer recuperar tudo depois, de fazer isso acontecer, e de provar ao mundo a que viemos.

Britney já provou para todos, só não enxerga quem não quer. Mas, principalmente, já provou para si mesma. Mais que uma presença significativa na música, que o símbolo da queda do american dream, que uma vida assistida, que uma pressão maldosa, que um rosto bonito, que um corpo magro demais ou gordo demais. E eu a terei como um grande exemplo a ser seguido. Sei que vou chegar muito longe, talvez não com o reconhecimento merecido, mas com a certeza de que fiz tudo o que tinha para fazer - e o fiz bem. Obrigada, Britney, pela inspiração.


"I'm not better than anyone, but I can be better than myself." - Britney Spears.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Livro + Série: Guerra dos Tronos, por George R.R Martin

Estou com vontade de falar de Guerra dos Tronos por aqui há um bom tempo, mas tenho adiado o post por querer terminar a leitura primeiro. Contudo, tenho tido pouco tempo para me dedicar a ela, e ainda falta pouco menos da metade para que eu possa concluir o livro.

O que não me impede de escrever aqui sem ter terminado de ler, é a tamanha fidelidade do livro para com a série, perceptível desde a primeira página. É incrível! Durante a leitura pude entender porque os fãs de Guerra dos Tronos se intitulam tão sortudos. A história na tela pouco se difere do que está escrito: algumas diferenças de idade e omissão de detalhes pouco importantes que não interferem nos acontecimentos, e isso é tudo.

Apesar de ser uma ávida leitora de fantasia, não me interessei de imediato pela leitura de Guerra dos Tronos. No entanto, assim que um amigo sugeriu que eu assistisse a série, não pensei duas vezes e fui em frente. A primeira temporada da série é baseada no livro de mesmo nome, o primeiro d'As Crônicas de Gelo e Fogo, escritas por George R.R Martin.

Jon Snow, na série interpretado por Kit Harington.
A história se passa no continente Westeros, e trata de todas as manipulações políticas e guerras pelo trono que o governa. O livro não apresenta um único protagonista. Podemos acompanhar o desenrolar da história pela visão de diversos personagens de igual importância para o enredo. Robert Baratheon, o então rei, perde seu auxiliar primordial (que possui o título de Mão do Rei) assassinado, e pede que seu grande amigo, Ned Stark, assuma a posição, obrigando-o a deixar sua vida confortável em Winterfell, no Norte. Essa sequência de acontecimentos desencadeia ira e desorganização entre as grandes famílias do reino: além dos Baratheon e dos Stark, os Lannister, os Targaryen e diversas outras casas são envolvidas no processo. Meu personagem preferido em ambas as versões é Jon Snow, filho bastardo de Ned Stark - um retrato de coragem e superação.

Na série, temos personagens brilhantemente encarnados por atores competentes: a interpretação de Ned Stark feita por Sean Bean é magnífica, Lena Headey está ótima como a perversa rainha Cersei e a novata Emilia Clarke, intérprete de Daenerys Targaryen, é outro destaque.


Ambientada na era medieval, em meio a castelos e cavaleiros, Guerra dos Tronos também possui um leve toque místico emoldurado por mortos-vivos e dragões, compondo mais completamente sua aura fantástica. Apesar de muito comparada a O Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien, eu particularmente vejo pouquíssimas semelhanças - nem o lado místico segue a mesma linha. No entanto, é também uma grande obra que com certeza já entrou para a lista de melhores épicos.

Série e/ou livro, independente do que escolherem, boa viagem à Westeros e espero que a experiência de vocês seja tão proveitosa quanto a minha! Espero voltar em breve para falar sobre Fúria de Reis e da segunda temporada da série.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Música: Willa Was Here, por Willa Ford

Sim, você provavelmente nunca ouviu falar dela. Mas, dentre as pessoas que a conhecem, ela é chamada de "The Original Ke$ha", por ter proposto, há 10 anos atrás, a introdução do pop a um lado trash, extremamente sexual e ao mesmo tempo glamouroso. Na época, não funcionou bem, e hoje também não sei se funcionaria: as músicas tem agora uma essência noventista inconfundível. No entanto, a cantora Willa Ford é e sempre foi uma das minhas favoritas no mundo pop, mesmo hoje depois de tanto tempo fora do mercado musical e investindo em outras áreas.

Amanda Lee Williford começou sua carreira em 1998, ao gravar para a trilha sonora do filme Pokémon a canção Lullaby sob o nome artístico Mandah. A música chamou a atenção de produtores e logo ela foi contratada por uma gravadora, que decidiu por bem mudar seu nome para Willa Ford e evitar confusões com a já bem sucedida cantora Mandy Moore.

O álbum "Willa Was Here" foi lançado em 17 de julho de 2001, pela Lava Records/Atlantic Records, e estreou em 56º na Billboard, uma posição bem fraca comparada à qualidade do trabalho. Em algum ponto de sua carreira - não sei exatamente qual, porque essa pra mim é uma parte desinteressantíssima - Willa namorou o Backstreet Boy Nick Carter, e vocês podem imaginar o quanto ela foi agourada pelo bando de fãs descontroladas da boyband. Mas isso é só um fato a parte. Willa nunca precisaria se apoiar em alguém tendo tamanho talento. Ela, que inclusive canta ópera, tem uma voz delicada e macia, mas que consegue se impôr nos arranjos de cada música.

Para mim, a falta de reconhecimento do álbum se deu pela forma como Willa se apresentou ao mundo. Era agressiva demais em meio à tantas cantoras pop que eram sexualmente inocentes. Ao contrário das já coroadas princesas do pop - Britney, Christina Aguilera, Jessica Simpson e Mandy Moore - Willa era realmente uma bad girl e destoava do bando. Seu primeiro single, I Wanna Be Bad, não a deixava negar o fato. O vídeo, inclusive, foi parcialmente censurado pela MTV.


O segundo e último single do álbum foi a excelente música Did Ya Understand That?, que não foi bem aproveitada por seu clipe ter um conteúdo considerado um tanto quanto adulto. No enredo, Willa descobre que seu namorado (na época, o ator do clipe era seu namorado na vida real) a está traindo, e acaba na cama com a amante dele como forma de vingança. Na versão do clipe, a música ganha um trecho remixado com um toque roqueiro. A imagem escurece, Willa grita e quebra uma guitarra com o símbolo da Playboy. 


 O álbum poderia ter tido outros singles lançados, como a excelente Ooh Ooh, divulgada por Willa algumas vezes, a minha preferida, Don't You Wish, Somebody Take the Pain Away, com sua letra forte e bem escrita e até mesmo a baladinha Tender


Com o flop, Willa se aquietou rapidamente e começou a trabalhar em novas músicas. O álbum produzido na época foi intitulado Porn Poetry e nunca foi lançado. Ele tinha um conteúdo muito mais explícito, que conhecemos através do single A Toast To Men, com a participação da rapper Lady May, na época lançado de forma avulsa. Hoje conhecemos algumas músicas vazadas ao longo do tempo, como a elogiada SexySexObsessive e Goddamn Erotic.

Depois de ter o segundo álbum engavetado, Willa começou a investir em outras vertentes: atuou em filmes de pouco reconhecimento, fez campanhas como modelo e posou para a Playboy americana. No meio disso tudo, casou-se com o jogador Mike Modano.

Recemente, mandei uma mensagem no Twitter para ela e recebi uma reply que me deixou muito contente. Willa está de volta aos estúdios de gravação, finalmente!


 Agora é esperar pra ver, ou melhor, ouvir. Mas não tenho dúvidas do talento da Willa, e espero que agora, depois de tantos anos, o mundo esteja preparado para ela! Uma voz como a dela merece ser muito tocada por aí, e ela, com toda certeza, merece ser reconhecida como ícone pop.

sábado, 16 de julho de 2011

Filme: Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2

ATENÇÃO: ESSA POSTAGEM CONTÉM INÚMEROS SPOILERS.


Foi bem difícil começar esse post. Fiquei horas dando voltas com as palavras, tentando escolher as melhores para não ser apedrajada no final. Mas, quer saber? Eu sei de que lado minha lealdade está e se alguém duvidar dela, eu não me importo. Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2 foi, para mim, uma grande dose de ansiedade e conclusão. Vou tentar explicar a minha opinião da melhor maneira possível, sem induzir concordâncias ou desentendimentos.

Passei a semana numa ansiedade sem fim. Estar presente da pré-estréia, sem ingresso, e participando de várias atividades ligadas à Harry Potter (de responsabilidade do maravilhoso grupo Potter Patos, sempre fazendo tudo com extrema dedicação) me deixou num estado ainda pior. Tive, inclusive, a oportunidade de comprar um ingresso lá, quase na hora da sessão, mas desisti. E um monte de gente me perguntou, sem entender: por que? Ora, a minha intuição é forte demais. Eu sabia que ainda não era hora de eu assistir o que eu supunha que, até então, seria o final.

Ontem, quando eu entrei no cinema, meu coração estava inquieto. Ainda estava super ansiosa, e não conseguia parar de fazer gracinhas e falar bobagem. O filme começou, enfim, e eu pude concluir diversas coisas ao longo de seu desenrolar. 

O filme foi extremamente bem feito e um desfecho adequado para o monte de cortes e atalhos tomados pelos anteriores. A adaptação não poderia mesmo ser diferente, com todo o peso que tinha nas costas de explicar os buracos deixados por seus antecessores. Ele cumpriu seu papel perfeitamente: a produção impecável, atuação competente dos protagonistas, e a perfeita consumação material do que se passou na mente de cada fã.

Porém, achei que o filme me tocaria de uma maneira diferente. Achei que choraria bastante e que me sentiria finalmente orfã dessa série que me acompanhou durante tantos anos da minha vida. O que aconteceu foi algo bem longe disso. O que eu senti foi só a ansiedade se dissipando, uma estranha familiaridade dentro do peito e a pior de todas as sensações: a de que estava assistindo só mais um filme e nada mais. Saí do cinema com a consciência pesada e me sentindo muito mal por não ter compartilhado a mesma emoção que a massiva maioria de fãs. 

Percebi então, que, afinal, o teórico fim pra mim já havia chegado há quatro anos atrás, quando finalmente terminei de ler o último livro da série Harry Potter. Ali sim eu derramei todas as lágrimas possíveis, senti o coração disparar e aprendi a lidar com a perda e com a vivência pautada nas lembranças e no passado.

Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2, agora permanece ao meu ver como uma celebração. Não um motivo para ficar triste, para chorar, para chamar de fim, e sim para sabermos que o final escrito pelas mãos de J.K Rowling teve uma representação à sua maneira, digna de aplausos, eternizada por grandes atores como Alan Rickman e Ralph Phiennes, e porque não, Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson. Eu poderia reclamar de várias coisas que me incomodaram no filme e discorrer longamente sobre: a parca aparição do meu querido Hagrid, a perda amena de Lupin, Tonks e Fred, o pseudo-romance entre Neville e Luna, e diversos outros detalhes, mas prefiro não me perder no meio deles e agradecer pelo conjunto da obra, que foi de extrema valia.

Não chorem, fãs de Harry Potter. Não fiquem tristes e não pensem que tudo acabou. A magia está dentro de nossos corações e só sairá de lá se realmente quisermos. Agora podemos nos alimentar dela por completo, de todas as formas que nos são oferecidas. Nós temos o verdadeiro poder de manter essa história viva por tempo indefinido. Devemos usá-lo bem.

Só devemos ficar tristes por aquilo que acabou, que se perdeu, que morreu... e a magia está apenas começando.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Desabafo: Eu levanto a bandeira gay!



Com o final definitivo de Harry Potter se aproximando, aposto que todo mundo estava esperando mais um post falando disso, né? Mas PRECISAVA DESABAFAR! Sendo assim, hoje vim postar no blog para tratar de um assunto sério: o preconceito contra homossexuais.

Há alguns dias, presenciei uma cena de preconceito que me deixou muito chateada. Estava voltando do meu trabalho, quando um garoto gay, de uniforme escolar e mochila, foi abordado por dois grandalhões que, de imediato não se aproximaram, mas o acompanharam durante uma longa caminhada com agressões verbais: "viadinho", "boiola" e "mariquinha" foram os xingamentos mais leves em meio a diversos palavrões e ofensas pesadas. O gay seguiu seu caminho, de cabeça erguida, aparentemente ignorando tudo, mas eu sentia que por dentro ele estava inquieto.

E, por mais que eu tentasse me afastar da cena, não conseguia. Fui acompanhando os três até onde pude. Minha vontade real era de bater MUITO nos dois ignorantes, mas eu sabia que não teria a menor chance. Acompanhei porque, se acontecesse algum ato fisicamente violento, eu pelo menos poderia ligar para a policia. Por fim e enfim, cada um seguiu seu rumo e eu respirei aliviada por não ter acontecido nada pior.

Essa cena me perturbou bastante por um bom tempo. Eu fiquei pensando no que poderia ter feito no momento, em vez de ficar apenas olhando. Fiquei pensando no que o menino sentiu, e no que passou pela mente dos débeis agressores. Gente, isso é coisa que se faça? O mundo está decididamente perdido.

Tenho escutado com frequência todo mundo reclamar do excesso de campanhas e protestos a favor dos homossexuais aparecendo na mídia, e que a própria tenta a todo momento manipular a população para apoiar a causa sem dar moral para outras classes que sofrem com o preoconceito, como negros e imigrantes. Mas poxa, que excesso é esse que não surte efeito nas pessoas? Que manipulação é essa que não vem dando muito certo?

Outro dia a tag #OrgulhoHetero figurou nos TT's por horas. Eu digo e repito: não tenho o menor orgulho de fazer parte de uma porcentagem cuja maioria é preconceituosa e ignorante, responsável por disseminar a raiva por quem tem uma opção sexual não convencional. Sinto muito, mas o argumento "se eles podem ter orgulho gay, também podemos esbanjar nossa heterossexualidade", porque isso não cola comigo. A verdadeira igualdade está no ato de respeito, e não de disputas que rebatem uma causa.

Ninguém é obrigado a gostar de nada, mas um pouquinho de respeito não mata, pelo contrário: prolonga a sua vida e de quebra te oferece mais amizades, oportunidades e experiências.

Que a luta dos gays por dignidade seja reconhecida em breve, e que seja o ponto de partida para que outros grupos discriminados se posicionem com a mesma força e possam superar dificuldades. O mundo  é grande e tem lugar pra todos.

Pronto, falei.

sábado, 25 de junho de 2011

Harry Potter: O verdadeiro significado

Ultimamente tenho sentido uma raiva crescente no que se diz respeito à fãs de Harry Potter. Todo esse rebuliço em torno do ultimo filme da saga faz com que surjam pessoas se dizendo fãs dos buracos mais escuros e imagináveis possíveis. Gente que eu posso jurar que leu cada livro uma vez, ou que se sente suficientemente alimentada pelos filmes. E me pergunto: qual será o verdadeiro significado da saga na vida das pessoas? Não sei se quero realmente saber.

Li o primeiro livro da serie, Harry Potter e a Pedra Filosofal, aos 10 anos de idade. Uma amiguinha da escola me emprestou. Aos 11, ganhei os 3 primeiro livros da serie. Aos 12, o quarto, aos 14 o quinto, aos 16 o sexto e, por fim, aos 18, o sétimo e ultimo livro. Foram anos pautados na espera, na ansiedade, e na felicidade de ter um novo livro em mãos, sempre lendo e relendo milhares de vezes.

Nesse meio tempo, os filmes foram lançados. Na medida permitida por minha cidade interiorana, assisti cada um deles na data de estréia, mas com empolgação comedida. Sempre os desprezei parcialmente por darem lugar a efeitos especiais excessivos e se esquecerem de detalhes importantes na historia. Mas ainda assim me sentia feliz por poder ver meus sonhos materializados na tela.

Porem, agora, tão perto do fim definitivo - sem livros e sem mais filmes -  o vazio me persegue e eu me sinto realmente agradecida por termos um ultimo filme para uma despedida digna. Eu tenho um sentimento muito forte por essa história, que me acompanhou por tantos anos da minha vida. Brinquei de aula de poções, enviei corujas com um grupo de amigas, escrevi fan fics, fui o Rony, colecionei álbuns de figurinhas, colori revistas de desenhos, ri e chorei.

Harry Potter fez REALMENTE parte da minha vida, muito mais do que um livro interessante, muito mais que uma historia diferente no meio das chatices que nos mandavam ler na escola. Talvez seja por isso que me sinto tão irritada ao ver "qualquer um" se declarando fã, por mais que soe infantil ou egoísta. Tenho certeza que milhares de fãs ao redor do mundo passaram pelo mesmo que passei e possuem o mesmo sentimento.  Externo aqui o sentimento de vazio, incompreensível aos olhos da maioria, quando tudo isso acabar. Anseio pela chegada do dia 15. Quero que ele venha e se vá na mesma rapidez, porque tenho certeza que meu coração vai ficar apertado diante de tantas emoções misturadas.

Obrigada, J.K Rowling, por ter feito com que eu aprendesse a acreditar verdadeiramente em qualquer tipo de magia, do fundo do coração, quando eu ainda era uma criança e por ter conseguido manter isso até hoje, como adulta. Obrigada, Harry, Rony, Hermione e tantos outros personagens, por serem meus amigos fiéis diante das agonias passadas durante essa fase conturbada de crescimento e formação de personalidade. Se hoje sou quem sou, é porque, além de toda a educação familiar e escolar recebidas, eu pude contar com uma realidade paralela que me ensinou muito mais do que eu poderia aprender na minha vida real.

Hoje, perto de fazer 22 anos, vejo que quando eu comecei a descobrir esse mundo, pelo menos metade dos atuais fãs mal haviam saído das fraldas. Desejo, de todo o coração, que eles possam usufruir de toda a mágica e emoção que eu. Eles nunca esperaram por nada, e assim continuarão, agora que tudo já está pronto e sei que nunca poderão partilhar dos sentimentos que consegui experimentar. Desejo também que esses pseudo-fãs surgidos do nada se comovam de alguma maneira e se sintam envolvidos não só pela história, mas pela essência de tudo o que foi ensinado em todos esses anos.

Posso afirmar que minha carta de Hogwarts chegou aos meus exatos 11 anos. Que frequentei as aulas, que levei detenções e que me doeu a barriga de tanto comer sapos de chocolate. Nunca percam as esperanças. Tudo isso acontece para quem sabe acreditar de verdade. Que esse término seja apenas simbólico, e que essa história permaneça viva em nossos corações pelos muitos anos que ainda virão. Afinal, já diria Sirius Black: "Aqueles que amamos nunca nos deixam realmente. Podemos sempre encontrá-los em nossos corações".


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Série: Covert Affairs


Logo quando comecei a planejar o blog, eu havia estabelecido uma ordem determinada de séries que eu iria postar. Covert Affairs seria a última, pelo vago motivo de ter sido também a última que comecei a assistir. Mas diante do excelente desempenho da série, eu simplesmente tive que passá-la na frente das outras. Encontrei essa série buscando pelo nome da Piper Perabo, uma das minhas atrizes favoritas depois da Claire Danes, e decidi baixá-la sem colocar muita fé. Assisti os primeiros episódios com pouco entusiasmo, mas aos poucos a história e os personagens me conquistaram muito!

Inicialmente, o tema da série pode soar um tanto quanto clichê: Annie Walker (Piper Perabo) é contratada pela CIA sem terminar seu treinamento, sendo designada por seus chefes para cumprir missões que propositalmente cruzam seu destino com um antigo namorado que a abandonou e é procurado pela agência - mas ela só descobre esse fato um tempo depois. Por mais comum que soe a sinopse, Covert Affairs vem agradando público e crítica, sendo considerada uma das melhores séries que estrearam recentemente. Isso porque a história é enriquecida com uma pitada de drama, excelentes interpretações e uma edição muito legal. A emissora USA Network acertou em cheio ao trazer de volta uma boa história de espionagem,  investigação e drama pessoal.

Durante a série, Annie executa várias missões que tem alguma ligação com Ben Mercer, o homem que a abandonou: um ex-agente da CIA considerado traidor. Ao mesmo tempo, vemos como ela lida com sua irmã Danielle (Anne Dudek), cunhado e sobrinhas, e a amizade com seus novos colegas de trabalho. Dentro da CIA, falo em especial do fofíssimo Auggie (Christopher Gorham, que já entrou pra minha lista de queridinhos por ser tão lindo e ter uma química incrível com a Piper), um agente cego que perdeu a visão em uma missão no Iraque, mas que enxerga muito mais que muita gente naquela agência, e rende momentos inteligentemente engraçados e muito surpreendentes.

A séria também destaca Joan Campbell (Kari Machett), a chefe durona do departamento de Annie, e Arthur Campbell (Peter Gallagher, em participação especial), o chefão da CIA, que são casados e não conseguem separar de forma alguma a vida particular do ambiente de trabalho. Temos ainda o bonitão agente Jai Wilcox (Sendhil Ramamurthy), que possui ascendência indiana, mexe bastante com Annie e tem um papel importante dentro do enredo, embora isso não seja demonstrado em primeira instância.

Eu sempre adorei histórias de espionagem - não de James Bond, Hercule Poirot ou Sam Spade -, mas de agentes que tem realmente uma vida além do trabalho e conseguem conciliá-la, bem ou mal, se aproximando da nossa realidade. Já repeti inúmeras vezes que gostaria de ser agente da CIA, e eu falo sério! Se eu pudesse, eu tenho certeza que me daria bem (podem rir, mas é verdade). Acho que é por isso que eu adoro ver a Annie Walker em ação: ela corre em cima de salto agulha, é convicente, sabe bater, fala muitas línguas e é linda (em tempo: Piper Perabo tem 34 anos de idade, Annie Walker tem 28 - você não perceberia se eu não tivesse avisado, tenho certeza). 


Covert Affairs é uma constante surpresa. A cada episódio algo diferente e inesperado aparece para transtornar tudo o que você achava que sabia. A segunda temporada começou ontem nos EUA, e eu mal posso esperar tudo o que ainda está por vir. É uma série que eu assisto com entusiasmo, agora. Meu coração acelera, brigo quando acho que a Annie fez algo estúpido, dou risada e me emociono. Simplesmente não consigo achar defeitos. Recomendadíssima!

Bônus: Geralmente, depois de um tempo assistindo uma série, a gente perde a paciência com a abertura e acaba pulando, né? Mas com Covert Affairs, pelo menos pra mim, isso não acontece. Gosto tanto da abertura que assisto incansavelmente: